Press release: Cancelamento da 64ª Comissão sobre o Estatuto das Mulheres
Em 2 de março de 2020, antes da celebração do 25º aniversário da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, a 64ª Sessão da Comissão do Estatuto das Mulheres da ONU foi significativamente reduzida a uma reunião processual de um dia apenas com representantes das Missões dos Estados-Membros em Nova Iorque, devido às crescentes preocupações globais com a disseminação de doença por coronavírus (COVID-19). Embora a declaração política e o programa de trabalho plurianual sejam aprovados nesta reunião, as organizações da sociedade civil de mulheres de todo o mundo perderão este momento único para trazer as vozes coletivas das mulheres e raparigas em toda a nossa diversidade, à mesa política internacional. Esta situação, causada por circunstâncias externas atenuantes, é devastadora para milhares de organizações de mulheres e feministas em todo o mundo, muitas das quais pequenas organizações de terreno que financiaram suas viagens a Nova York com recursos escassos, agora perdidos.
Infelizmente, até agora, as Nações Unidas e os Estados Membros da ONU ainda não foram claros propondo outras outras formas através das quais as vozes da Sociedade Civil das Mulheres ainda possam ser ouvidas no contexto da CSW64. Essa falta de compromisso é parte da preocupação mais ampla relativa à diminuição cada vez maior do espaço da sociedade civil das mulheres. O Sistema da ONU e os Estados-Membros devem tomar medidas proativas para apoiar as organizações de mulheres feministas, para garantir que sejam incluídas e apoiadas financeiramente nos próximos processos da ONU em 2020, incluindo os Fóruns da Geração Igualdade no México e em Paris e na Assembleia-Geral da ONU em Nova York.
Em tempos como este, devemos permanecer vigilantes e permanecer fortes diante da incerteza, adversidade e instabilidade. Continuamos a reconhecer o incrível trabalho de mulheres ativistas e feministas em todos os lugares, e os seus contínuos esforços para garantir um mundo feminista, onde mulheres e raparigas vivam vidas livres, com igualdade e dignidade. Embora estejamos fisicamente distantes, estamos unidas na nossa visão de um mundo feminista.
Gwendoline Lefebvre, Presidente do Lobby Europeu das Mulheres
Apoiadas na Declaração e na Plataforma de Ação de Pequim, as organizações de mulheres e grupos feministas têm sido uma força motriz da mudança, desempenhando um papel importante de advocacia no avanço da legislação ou mecanismos para garantir os direitos humanos das mulheres e raparigas. Não é por acaso que a CSW é a segunda maior reunião anual das Nações Unidas! Reduzi-la durante o 25º aniversário da Plataforma de Ação de Pequim, num momento em que assistimos ao enfraquecimento progressivo do reconhecimento dos direitos humanos das mulheres e raparigas, é profundamente perturbador. As mulheres, através das organizações não-governamentais, precisam continuar a participar e influenciar fortemente os fóruns ao nível da comunidade, nacionais, regionais e globais e os debates internacionais.
Ana Sofia Fernandes, Presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres e Vice-Presidente do Lobby Europeu das Mulheres
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