O Consentimento Não Se Compra

Em exibição no maior festival de cinema de Portugal, no Porto.

O documentário O Consentimento Não Se Compra, desenvolvido no âmbito do projeto EXIT: Direitos Humanos das Mulheres a não serem prostituídas, explora a realidade do sistema de prostituição – o primeiro do seu género em Portugal e em português. Pretende, de forma acessível, trazer ao conhecimento da população uma violação grosseira de Direitos Humanos que afeta desmesuradamente as mulheres e as raparigas mais vulneráveis e tem sido ignorada ou tolerada pela sociedade portuguesa: a exploração no sistema prostitucional.

Com o testemunho na primeira pessoa de uma sobrevivente portuguesa do sistema de prostituição, e que agora trabalha no apoio a mulheres traficadas para exploração sexual, o documentário inclui ainda os testemunhos de organizações portuguesas que prestam apoio de primeira linha no terreno às pessoas em situação de prostituição e de um conjunto de jovens com reflexão crítica sobre a sociedade dos nossos dias.

No mês que assinalou a sua participação em reconhecidos festivais e premiações de cinema internacionais, como o Paris Women Festival e o Swedish Film Awards, em que o documentário atingiu, em ambas as instâncias, as semifinais, foi a vez do Festival Internacional de Cinema Fantástico do Porto, o FantasPorto, de receber o documentário. Consagrado internacionalmente pela revista “Variety” como um dos vinte e cinco mais importantes festivais do Mundo e o maior em Portugal, a 42º edição do FantasPorto incluiu na sua programação a sessão Direitos Humanos. Assim, a exibição do O Consentimento Não Se Compra precedeu a antestreia mundial do filme Saralish (Afeganistão/Irão). Saralish, que significa literalmente casamento arranjado, narra a história de dois homens que, no presente norte do Irão, trocam entre si as suas filhas para casamento de cada um. Uma menina, Anar, é trocada por outra um pouco mais velha, Tara, sem se dar conta do que lhe está a acontecer. E quando uma afegã que viveu na Alemanha regressa à aldeia para resolver o seu próprio casamento arranjado, que foi selado quando era não mais do que um feto no ventre da sua mãe, a sorte de todas as mulheres da terra piora. Entretanto, sem se dar conta da tragédia, os rapazes da aldeia fazem instrumentos musicais com os despojos da guerra e descobrem novos caminhos. Este filme recebeu o Prémio de Melhor Realização no Festival Lifft na Índia.

Teresa Silva, Vice-Presidente da PpDM e parte da delegação que esteve presente na sessão de Direitos Humanos, introduziu o documentário, que apresentou à plateia. Explicando o continuum da violência masculina contra mulheres e raparigas, descreveu o motor de opressão comum que permite a venda e a compra de crianças e mulheres, quer no sistema prostitucional, quer entre homens patriarcas de famílias em matrimónios arranjados. No final, em conversa com o realizador de Saralish, Yaser Ahmadi, sublinhou-se o importante potencial transformador das artes e da cultura na conscientização social e na alteração de mentalidades.

Em julho de 2020, a Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres lançou a campanha #SayNoToProstitution que procurou contribuir para um debate público informado e consciente acerca da abolição do sistema da prostituição em Portugal: contribuindo para uma estratégia nacional que disponibilize programas de saída e de apoio para as pessoas no sistema da prostituição, combatendo o estigma social e erradicando a procura, através da penalização/criminalização da compra de sexo.

Sabe mais no site EXIT.

Assiste ao documentário O Consentimento Não Se Compra!

#ExitProstitution #SayNoToProstitution #EndDemand

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