“Não é não”: A Slutwalk voltou às ruas de Lisboa
Em Lisboa, decorreu no dia 1 de Julho, a segunda “Slutwalk” ou “Marchas das Galdérias”, onde dezenas de pessoas marcharam pela liberdade sexual das pessoas, contra a violência, abuso e assédio sexual e a mentalidade machista da sociedade que, no caso destes crimes, culpabiliza a vítima e desresponsabiliza o agressor. Nesta segunda edição da Slutwalk, mulheres e homens saíram para as ruas de Lisboa começando a marcha no Largo de Camões até à Praça do Martim Moniz para a cidade e o mundo perceber que “não é não”. A manifestação defendeu que, em caso de violência sexual, a responsabilidade e culpa única é do agressor, chamou a atenção para a cumplicidade do sistema com a agressão e com o agressor e, também, recusou a mercantilização dos corpos das mulheres e afirmou o direito a autodeterminação sexual de todas as pessoas.
O movimento Slutwalk começou no Canadá, em Abril de 2011, quando centenas de mulheres saíram à rua em Toronto, numa protesta contra um oficial da polícia que referiu-se as mulheres vítimas de violação e assédio sexual de “galdérias”, e afirmou que, para não serem violadas, as mulheres têm que evitar vestir-se de forma provocante. O protesto transformou-se rapidamente num movimento internacional, uma vaga de indignação que levou mulheres em todo o mundo a manifestar-se contra a violência sexual, contra a culpabilização que as mulheres continuam a sofrer enquanto vítimas de agressão sexual e contra a desresponsabilização do agressor. Os contextos são ligeiramente diferentes nos vários países no mundo, mas o coro do problema é igual, assim, a “Slutwalk” tem-se tornado o movimento feminista de maior sucesso nos últimos 20 anos. Em 2011 e 2012 SlutWalks decorreram em todas as capitais grandes do mundo e não só, centenas de cidades em todos os continentes têm grupos organizados que pretendem desafiar os estereótipos, mentalidades e atitudes machistas. A SlutWalk está a agitar a África, América, Austrália, Ásia e Europa, embora tenha recebido críticas por usar uma linguagem qualificada pelos detratores de “excessivamente agressiva”. Para @s membros e simpatizantes do movimento, sem embargo, o uso de palavras como vagabunda, galdéria, vadia, fácil, badalhoca ou puta pretende destruir o poder degradante dessas palavras, recusar o duplo standard entre os sexos e reivindicar o direito das mulheres de se comportarem e de vestirem da maneira que quiserem sem que isto possa servir de justificação para agredir, assediar, insultar, violar o denegrir as pessoas.
O movimento “Slutwalk” é de tod@s que desejam o fim do sistema patriarcal e viver num mundo que garanta a liberdade individual de todas as pessoas, a sua autodeterminação sexual e os seus direitos sexuais e reprodutivos, apoiando e protegendo as vítimas de violência sexual e responsabilizando apenas os agressores.
A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres participou nesta marcha pelo direito à justiça, à igualdade de género, à integridade física, à vivência segura do espaço público, à pluralidade e diversidade das pessoas e à liberdade sexual; e para denunciar a violência de género em todas as suas formas e combater o discurso da sociedade machista que objectifica o corpo das mulheres, trata as como património público e como uma provocação que justifica o abuso e a agressão.