Momento histórico: foi hoje adotada a primeira lei da UE em matéria de violência contra as mulheres!!

A Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM) e o Lobby Europeu das Mulheres (LEM) congratulam com a adoção há muito aguardada da Diretiva relativa ao combate à violência contra as mulheres e à violência doméstica, a primeira lei da UE a garantir que as mulheres vítimas de violência recebam proteção, apoio, acesso à justiça e reparação adequados, independentemente do local onde vivam na UE.

Hoje, a União Europeia deu o passo em frente rumo aos direitos humanos das mulheres! A adoção da Diretiva obriga, agora, todos os Estados Membros a adotarem as normas e os padrões mínimos que nesta constam para que o espaço europeu seja um espaço de paz e de justiça. Não conseguimos que todas as formas de violência masculina contra as mulheres fossem incluídas na Diretiva. Mas iremos continuar a trabalhar nesse sentido! Vivam as associações de mulheres que muito fazem para que TODAS as mulheres possam ser livres e seguras!” diz Ana Sofia Fernandes, Presidente da PpDM.

Estamos imensamente orgulhosas deste marco histórico na nossa luta contínua pela igualdade entre mulheres e homens e pela erradicação da violência contra mulheres e raparigas”, afirmou Iliana Balabanova, Presidente do Lobby Europeu das Mulheres. “A adoção desta Diretiva é um passo crucial para garantir a segurança e a proteção das mulheres e das raparigas em todas as esferas das suas vidas, incluindo no espaço digital.”

Queremos dedicar esta vitória a todas as organizações de direitos das mulheres, sobreviventes, ativistas feministas e decisoras políticas cuja dedicação inabalável culminou na adoção histórica pelo Parlamento Europeu da primeira Diretiva da UE relativa ao combate à violência contra as mulheres e à violência doméstica. Isto significa que todas as mulheres e raparigas terão igual direito à proteção, em qualquer parte da Europa.

É um momento histórico, resultado de mobilização coletiva das mulheres por muitos anos. Representa um avanço significativo na proteção dos direitos sexuais das mulheres no contexto digital, ao incluir a partilha não consentida e a manipulação de imagens íntimas. E é um princípio: os próximos passos deverão incluir o assédio sexual e a violação.” afirma Maria João Faustino, membro do Executivo do LEM em representação da PpDM.

Esta conquista monumental é o resultado de décadas de ativismo coletivo por parte das organizações membros da PpDM e das coordenações nacionais do LEM, que têm feito uma campanha incansavelmente pelos direitos e segurança das mulheres e raparigas em toda a Europa. Expressamos o nosso mais profundo agradecimento a todas as pessoas e organizações que contribuíram para a concretização histórica de um dos objetivos prioritários nomeadamente do LEM desde a sua criação há 35 anos.

A União Europeia reconheceu hoje a violência contra as mulheres como uma violação das suas obrigações, adotando esta Diretiva e garantindo nomeadamente a paz no território da UE, e em cada Estado-Membro, nos espaços públicos e privados!” refere Alexandra Silva, representante da PpDM no Observatório do LEM sobre a violência contra as mulheres.

A PpDM e o LEM elogiam o Parlamento Europeu por reconhecer a necessidade urgente de combater a violência contra as mulheres e as raparigas e a violência doméstica, tanto offline como online. Tal como sublinhado na análise sobre o texto acordado, com esta Diretiva a UE reconhece, pela primeira vez, que a violência contra as mulheres e raparigas é um obstáculo à realização da igualdade plena entre mulheres e homens, uma das obrigações da UE estipulado nos seus Tratados.

Esta Diretiva estabelece obrigações fundamentais para que todos os Estados-Membros da UE cumpram as suas obrigações legais e políticas para acabar com a violência contra as mulheres e raparigas. Instamos os Estados-Membros a implementarem imediatamente este conjunto de normas abrangentes para salvar a vida de mulheres e de raparigas”, disse Mary Collins, Secretária-Geral do LEM.

Não obstante, lamentamos profundamente o anterior bloqueio no Conselho Europeu relativo a questões fundamentais, especialmente a incompreensível decisão imposta pela França e pela Alemanha de excluir o Artigo 5.º sobre a definição harmonizada de violação com base no consentimento, em conformidade com as normas da Convenção de Istambul.

É uma completa hipocrisia e uma oportunidade terrivelmente perdida para proteger mulheres e raparigas de uma das formas mais hediondas de violência e para colmatar os vergonhosos níveis de impunidade dos agressores. A história provará que a violência sexual é uma questão da UE à qual nenhum país está imune e uma estratégia para controlar e silenciar as mulheres. É imperativo ter as melhores ferramentas legislativas para a prevenção e garantir que as sobreviventes tenham acesso à justiça e à reparação agora!” disse Irene Rosales, Conselheira Sénior de Políticas do LEM.

Continuaremos a trabalhar para que uma revisão da diretiva venha a assegurar que o crime de violação seja garantido ao nível da UE e coerentemente definido com base no consentimento livremente dado em circunstâncias de autonomia e mutualidade. Além disso, continuaremos a fazer campanha sem tréguas para garantir que o âmbito de aplicação da diretiva seja rapidamente alargado a todas as formas de exploração sexual e reprodutiva, incluindo a esterilização forçada, assédio sexual no trabalho, prostituição, a pornografia e todas as formas de exploração sexual.

E reafirmamos o nosso compromisso para com a realização dos direitos humanos das mulheres, incluindo o fim a todas as formas de violência contra as mulheres e raparigas. Juntas, continuaremos a trabalhar para uma Europa onde todas as mulheres e raparigas se sintam seguras para viver livres da violência, ou da ameaça desta, e de todas as formas de discriminação.

Leia aqui o comunicado à imprensa.

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