III Congresso do 12º aniversário da Mén Non, “O Contributo do Legado Africano para a Construção de uma Sociedade Global”

A Associação das Mulheres de São Tomé e Príncipe, no âmbito da comemoração do seu XII aniversário e do 47º aniversário do Dia 19 de setembro, Dia da Mulher São-Tomense, realizou o III Congresso da Mulher de São Tomé e Príncipe em Portugal, tendo como objetivo primário incentivar à reflexão sobre a importância das raízes culturais do povo africano.

O evento contou com a presença do Embaixador de São Tomé e Príncipe em Portugal, António Quintas, da representante do Alto Comissariado para as Migrações (ACM), Sónia Pereira e da representante do gabinete da vereadora da Câmara Municipal de Lisboa Sofia Rodrigues.

No arranque do Congresso, Sónia Pereira alertou para a indissociabilidade entre a discriminação das mulheres com base no sexo e no género e outros fatores como a etnia, religião, saúde, estatuto, idade, classe social, orientação sexual e etc.. Sublinhou ainda a importância da intermediação entre o ACM e a sociedade civil no tratamento destas desigualdades, bem como identificou o contexto do compromisso com a Década Internacional de afrodescendentes 2015-2024 (DPAD).

A Presidente da Mén Non, Ilidiacolina “Fatinha” Vera Cruz proferiu algumas palavras sobre a luta pela liberdade e autodeterminação, travada pelo povo de São Tomé e Príncipe. De mãos dadas, as mulheres foram a cara da revolução do povo santomense, pelo que é necessário honrar e propagar o legado deixado pelas mesmas.

A Mén Non, desde o seu início, sempre abordou a questão dos direitos humanos das mulheres, da saúde sexual e reprodutiva, do combate à violência doméstica. (…) A cada dia, vamos lutando pela desconstrução da discriminação com base no facto de sermos mulheres, imigrantes, negras.

“Fatinha” apelou à união e fraternidade do povo santomense como os mais importantes mecanismos de sucesso das reivindicações e luta política.

Uma das convidadas para a discussão do Painel “A Cronologia da Presença Africana em Portugal”, foi Isabel Castro Henriques. A historiadora relembrou a importância da desconstrução do imaginário social português em volta da presença africana em Portugal – trata-se de

um povo que não chegou de livre vontade, mas foi antes trazido pela predominância de um sistema assente na violenta captura destas pessoas do seu país de origem.

Maria das Neves, debruçou-se sobre a participação da mulher santomense na política e o projeto de lei da paridade. A ex primeira-ministra de São Tomé e Príncipe, afirmou estarmos perante “um retrocesso no processo democrático de São Tomé”. Como tal, alertou para a relevância do voto e para a necessidade de “dar vez e dar voz” às mulheres afrodescendentes em Portugal.

O Congresso contou, ainda, com a participação da jornalista de investigação, Conceição Queirós, que partilhou a sua experiência pessoal com o racismo no meio da comunicação social.

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