Assembleia-Geral e reunião bE_SAFE “Violence against women and girls in torture” – apresentação do Livro “Women Unsilenced” e debate
No passado dia 16 de dezembro, o Centro Maria Alzira Lemos | Casa das Associações acolheu a Assembleia-Geral estatutária do último trimestre da Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres (PpDM).
Os trabalhos começaram com a aprovação por unanimidade do Plano de Atividades para 2024 e respetivo orçamento que, mais uma vez, transparece o empenho da PpDM, e das suas organizações-membros, em desenvolver atividades de utilidade pública e a continuar com o compromisso que se tem proposto de contribuir para a concretização plena dos direitos humanos das mulheres e raparigas.
Seguindo a ordem do dia, a AG ratificou a adesão de duas novas organizações-membros à PpDM, ao que se seguiu um voto de louvor à Direção, pelo trabalho desenvolvido no ano de 2023 e o apoio prestados às suas organizações associadas.

Foram ainda apresentadas e debatidas a Política Verde e a Política de Proteção de Crianças da PpDM, que entrarão em vigor em 2024.
Susana Viseu, Presidente da BasN– Business as Nature, e Delegada à AG, expôs às restantes participantes o trabalho resultante da sua presença na COP28 e a Carta Compromisso das Mulheres pela Ação Climática dos Países da CPLP para o Mundo, assinada já por 5 Estados-Membros da CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal.
Após uma breve explicação e ponto de situação do processo em marcha da Comunidade Púrpura, o programa de voluntariado da PpDM que pretende potenciar uma comunidade feminista viva e ativa, solidificando e formalizando o apoio oferecido informalmente ao longo dos anos, a AG de 2023 chegou ao fim.

Assim, e finda a Assembleia-Geral, seguiu-se a apresentação do Livro “Women Unsilenced – Our Refusal to Let Torturer-Traffickers Win” por parte de Linda MacDonald e Jeanne Sarson, autoras e co-fundadoras da organização canadiana Persons Against Non-State Torture.
Women Unsilenced, explora o impacto da violência cometida contra mulheres e raparigas através de múltiplas perspetivas – a recordação das mulheres de provações de tortura, tráfico de seres humanos e crime organizado que ameaçam a sua vida, o fracasso da sociedade em reconhecer e abordar estes crimes e a análise detalhada da forma como os sistemas de justiça, saúde, políticos e sociais perpetuam o trauma. Escrito por enfermeiras de saúde pública reformadas que incluem as suas próprias memórias e experiências, ajudou a dar voz e a compreender as mulheres que foram silenciadas.
Este livro revela o seu trabalho “clandestino” de prestação de cuidados e oferece investigação e conhecimentos de “mesa de cozinha”, utilizando as histórias das mulheres em múltiplas plataformas para educar leitoras e leitores sobre as camadas inimagináveis do modus operandi da violência, manipulação e engano dos agressores. Revela como é possível curar e reivindicar a relação de cada uma com/para/por si própria. Salientou em relação à apresentação do livro Ana Sofia Fernandes, Presidente da PpDM
Cru, doloroso e chocante, o livro é um recurso importante para aquelas que sobreviveram a tais crimes; profissionais que apoiam vítimas de torturadores e traficantes; polícias, profissionais do direito, criminologistas, ativistas dos direitos humanos e pessoas educadoras.
Através de uma perspetiva de tortura não-estatal, que é cometida por familiares, vizinhos, guardiões legais, cônjuges, traficantes, proxenetas, entre outros, tanto na esfera pública como na privada, a Persons Against Non-State Torture alerta para o facto de muitas mulheres experienciarem formas de tortura sem o reconhecerem.
Foi perante esta realidade que feministas de diferentes partes do mundo, se sentaram lado a lado a debater a violência contra mulheres e raparigas, as suas múltiplas formas e faces, as diferentes abordagens nesta luta, os mecanismos de ajuda (tanto a nível psicológico como físico) e as formas como Associações de Mulheres podem combater a violência continua contra mulheres e raparigas. Este foi também um espaço de partilha de histórias e de comparação de vivências das respetivas partes do globo.
